Movimento Pró-Democracia

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22 de dez. de 2008

18-12-2008 UM DIA... PARA SEMPRE!

Hoje acordei me sentindo diferente, com um sentimento raro. O ar da manhã cobria meu corpo ainda quente, da cama mal dormida pela ansiedade. Cada passo era uma fusão de temor, desejo de mudança e um grito preso na garganta, inominável, apenas para se experimentar em todas as suas nuances.

Mesmo depois de milhas em um ônibus, e minutos de caminhada, o ar era limpo. O tempo nublado me dava uma estranha força, obscura e selvagem. A onda que os cariocas viam nas ressacas no muro do Passeio, há 100 anos, eu sentia isso do meu íntimo.

Em cada olhar, em cada gesto, em cada sorriso nervoso, em olhares concentrados, via: o dia era hoje, não dava mais para voltar.

Fomos armados, sim! Mas de surdos improvisados de baterias gastas de rock. A nossa meta não era fácil. Não era apenas fazer barulho. Era fazer justiça. Mas não apenas por nós, mas por todos os mártires de uma terra ingrata, insana, mergulhada na decadência.

As cordas nos enforcavam e tentávamos respirar, como um ato de desespero. Mas estávamos lá.

Faixas improvisadas, cartazes feitos de última hora, expressamos nossa ira, contra tudo que houve, não só em 31 de outubro, mas nos últimos 25 anos de Nova República.

Enfrentamos as feras, que estavam adormecidas, mas rugiam nos corações dos insensatos e desesperançados. Os insultos, no olhar de cada andarilho cinzento, que via, com um tom de deboche, mas com também incredulidade, pela nossa coragem, ousadia, ou uma palavra que ainda não se encontra nem no mais simples dos Aurélios.
Esperamos, esperamos, esperamos, sob vento, sob chuviscos, sob sol. Ah! O Sol, que estava do nosso lado, tirando as últimas amarras dos felpudos cobertores, dos edredons e dos lençóis em nossos corpos.

Até que o derradeiro momento aconteceu. E não aconteceu. Vimos o nosso algoz, poucos viram, entrando pela porta dos fundos, com as trevas ofuscados pela nossa luz, mesmo tão frágil.

E esperamos, esperamos, esperamos. O surdo batia em nossa alma, como os soldados de uma guerra desigual e injusta, mas provamos que somos que nem os espartanos, forjados no calor das batalhas. Com a paciência dos orientais, nos deixando meditar sobre o próximo passo.

Até que a ordem foi dada. Enquanto corria às laterais da 'Casa do Povo', não ouvia apenas os passos de mais ou menos 15 pessoas. Ouvia sim, o passo de batalhões, como os da Resistência Francesa, na Segunda Guerra, ou dos Pracinhas que mesmo com medo, caminhavam na neve italiana, para libertar o mundo do caos e do terror.

"Eles estão aqui!", ouviu uma sentinela do front de combate. Logo, com esta ordem, deu-se a debandada. Humilhante. Derrotada. Incrédula.

E ele fugia. Mesmo com o som dos 'canhões' do bumbo em seus ouvidos. Fugia. Sentia o medo corrente, em suas veias.

Hoje não foi um dia qualquer. Foi a nossa maior façanha, onde o técnicamente mais fraco, provou ao 'mais forte', que pés quentes e cabeças frias, são mais eficazes que anos de fugas e incertezas.

Não brindemos por isso. Não! Meditemos... O nosso brado se ouviu no alto da colina. Mas ainda temos que fazer descer ao outro lado.

Lembraremos. Hoje, fizemos história. Por um motivo muito simples.

Aos olhos do mundo e de quem não acreditava em nós...

NÓS EXISTIMOS!!!
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18 de dezembro de 2008... Um dia... para sempre!!!
18 Δεκέμβριος 2008... Μια μέρα ... πάντα!!!



Falso Anjo Lain

2 comentários:

Anônimo disse...

Este artigo expressa exatamente o que passou pela mente e pelo coração de quem esteve lá. Parabéns, Lain! Sua descrição foi brilhante!

Matheus Castro disse...

O cara é foda!